7.31.2011

 Diante da janela, e enquanto a minha respiração humidifica o vidro, contemplo a vista hostil perante mim. Afago o meu cabelo, dando-lhe uma forma irregular, combinando-a com a minha forma de vestir. Sinto que a minha janela é um prelúdio para a realidade. Os costumes quotidianos, o apressar das pessoas, o fumo, as cores néon que só as cidades têm. Tudo isso é um mundo á parte do meu. Neste mundo repleto de mulheres bácoras e homens presunçosos, a fastiosidade é imensa. Parece que não, mas é. Inúmeras são as pessoas que passam pelo mesmo sítio vezes sem conta, inúmeros são o carros que percorrem com velocidade aquelas ruas... É uma fastiosidade cansativa e repetitiva.
Sonho com a vida calma e comovente do meu ser.

A inspiração das 10 horas.

A velocidade com que a vida passa é aterradora para os nossos olhos. Porque não a conseguimos ver. Temos por esse caminho enviesado, todas as belonas imagináveis. Combates sangrentos e até mesmo apenas sentimentais. O crer na imortalidade, é mais comum do que acreditamos. Aliás, tudo é mais comum do que pensamos. Por mais que tentemos destacar o que realmente importa, rendemo-nos a pequenas derrotas. Derrotas essas que nos magoam por dentro e nos fazem querer parar.

7.30.2011

O Perfeito é desumano, porque o humano é Imperfeito.

Lembro-me do dia da minha morte. O sol estava escuro, como se o tempo quisesse alvitrar a minha derradeira hora. Sinto-me num lugar ermo, provavelmente uma sala de hospital, em que o espaço estava mergulhado numa luz azul, vinda da televisão. Estava concentrada num pensamento profundo, rapidamente devassado por alguém. Alguém que eu não conhecia. E foi esse alguém, ainda por descobrir, que faz parte da minha última lembrança. Por azar meu, a morte não é como se pensa. Não existe nenhuma luz, ou pelo menos ainda não a encontrei. Sou forçada a permanecer em contacto com os meus entes. Sou forçada a vê-los chorar por mim, a quererem vir ter comigo. Fi-los sofrer, mais do que eu própria sofri. Percebi o que em vida não tinha percebido. Percebi que o ser é Imperfeito. Mesmo aqueles que eu julgada incondicionalmente perfeitos. Sinto nostalgia da terra, mas quero estar próxima do Paraíso. Esforço-me para encontrar a luz, mas até agora nada.

7.29.2011

Começar do zero.

Não. Não escrevo por querer desabafar. Por querer lamentar a minha existência. Por ter a necessidade de, através de circunlóquios, dizer o que penso. Por precisar de esquecer e vaguear no tempo. Por empregar uma ideia que não é a minha. Por revestir as minhas preocupações de palavras. Eu escrevo porque fui feita para escrever. Sonho com isso, mesmo sabendo que é difícil. Vivo com isso mesmo sabendo o que custa. Vou começar do zero. Vou fazer a coisa á minha maneira, dar o meu sentido, poupar nos eufemismos e ser "eu". Vou começar por onde se começa honestamente.
Apenas espero que agrade.