7.30.2011

O Perfeito é desumano, porque o humano é Imperfeito.

Lembro-me do dia da minha morte. O sol estava escuro, como se o tempo quisesse alvitrar a minha derradeira hora. Sinto-me num lugar ermo, provavelmente uma sala de hospital, em que o espaço estava mergulhado numa luz azul, vinda da televisão. Estava concentrada num pensamento profundo, rapidamente devassado por alguém. Alguém que eu não conhecia. E foi esse alguém, ainda por descobrir, que faz parte da minha última lembrança. Por azar meu, a morte não é como se pensa. Não existe nenhuma luz, ou pelo menos ainda não a encontrei. Sou forçada a permanecer em contacto com os meus entes. Sou forçada a vê-los chorar por mim, a quererem vir ter comigo. Fi-los sofrer, mais do que eu própria sofri. Percebi o que em vida não tinha percebido. Percebi que o ser é Imperfeito. Mesmo aqueles que eu julgada incondicionalmente perfeitos. Sinto nostalgia da terra, mas quero estar próxima do Paraíso. Esforço-me para encontrar a luz, mas até agora nada.

Sem comentários:

Enviar um comentário